Akira surgiu nas páginas da revista Young Magazine em 1980, criado pelo artista Katsuhiro Otomo. A série mostrava um futuro pós-apocalíptico depois da Terceira Guerra Mundial, em que a sociedade japonesa estava em plena decadência. Com altos níveis de desemprego, reinava a violência, com gangues de adolescentes a espalhar brutalidade nas ruas todas as noites.
Neste cenário conhecemos Shotaro Kaneda e Tetsuo Shima, amigos de infância e membros de uma gang de motoqueiros. Uma noite, após um acidente, Tetsuo começou a despertar poderes psíquicos e acaba levado pelo exército. Kaneda vai tentar salvar o amigo, mas este, enlouquecido pelos seus poderes, vai tentar libertar o psíquico Akira, causador da Terceira Guerra, e os seus caminhos vão colidir de forma explosiva.
Akira custou 10 milhões de dólares, demorou dois anos a ser concluído e era o filme japonês mais caro até aquele ano. A animação é impressionante e até hoje permanece uma referência no meio.
Foram adaptadas mais de 2000 páginas do manga, mas como o autor não tinha o final da obra decidido, este acabou por ter dois finais diferentes, no filme a história segue um rumo mais existencialista, enquanto no manga, tudo se encerra de forma mais racional.
O filme foi um relativo sucesso tanto no Japão como no resto do mundo, mas não conseguiu cobrir os seus elevados custos de produção, o que forçou vários estúdios de animação japonesa a fecharem suas portas.
Mesmo nos Estados Unidos, Akira foi visto como um produto sem público, pois era um desenho animado, mas violento demais para ser comercializado para o público infantil. Na época, o ocidente não tinha a noção de que animações poderiam também ser direccionadas ao público adulto.
Apesar disso, Akira tornou-se num fenómeno cult e abriu as portas do ocidente para os animes. Eventualmente as coisas evoluíram e a forma como o mundo via a animação também se alterou.
Akira é actualmente taxado como uma das grandes obras do cinema japonês de animação. Críticos do mundo inteiro referem-se a ele como uma obra sem igual até hoje, um filme que rivaliza com Blade Runner no que à temática Cyberpunk diz respeito e sem o qual provavelmente não teríamos fenómenos como Matrix.
Como obra de ficção científica, animação ou trabalho de crítica social, Akira continua relevante actualmente ao tratar temas como a alienação juvenil ou a corrupção na política, e, embora não sendo um filme para todos, o seu impacto cultural é tremendo.
Filme obrigatório para qualquer um que se diga fã de anime. O melhor!