● All Hell Breaks Loose: X-Over - 2.ª Parte

26 abril, 2013
O dia já tinha começado há muito, mas num pequeno motel nos arredores de Ivalice, o seu único inquilino ainda dormia profundamente. O gerente, não contente com a situação, subiu ao andar de cima e bateu violentamente na porta, a gritar que se o cliente quiser usar o quarto por mais tempo terá de pagar mais um dia adiantado. A porta acabou por se abrir e Le Papier, ainda ensonado, pediu paciência ao gerente, prometendo tomar apenas um banho rápido e sair rapidamente. Vendo a pistola que trazia à cintura, o gerente aceitou as condições e rapidamente se afastou. Já sozinho, Papier queixou-se para si próprio que acabou por não dormir nada de jeito, já que os Demónios com quem lutara continuavam à solta.
Pouco depois, deixava o motel e dirigia-se para o seu carro, quando nota perto dele uma mota que conhecia bem. Era uma Harley Night Rod, propriedade do amigo e rival Jimi Slash, segundo em comando dos S.H.A.D.E., uma organização mafiosa que tem uma relação conflituosa com a A.R.M., uma divisão especial da Interpol com a qual Papier colabora ocasionalmente.

Slash, algo mal-humorado, resmunga com Papier sobre a sua demora em acordar e comenta como pensou múltiplas vezes em entrar pelo quarto adentro para o esquartejar, comentário que Papier ignora com um bocejo, o que irrita Slash ainda mais.
Papier, agora seriamente, conversa com Slash sobre os acontecimentos da noite anterior. Slash volta a acalmar-se e nota que é muito difícil dizer se conseguirão derrotá-los, declarando que o poder deles é de longe o mais impressionante que ambos já enfrentaram, e superam facilmente Phantom, o seu maior desafio até aqui.
Depois de um momento de pausa, Slash questiona-o sobre o que pensa fazer quanto ao miúdo com quem lutou, interessado em saber se Papier tencionava matá-lo, pois apesar dos poderes demoníacos que usa, continua a ser um miúdo. Papier não consegue esconder o incómodo com a pergunta de Slash, até porque ele sempre vira Alex como um Demónio não tendo sequer colocado a hipótese dele ser um humano normal... esta teoria complicava um pouco as coisas.
Slash, algo chocado com a reacção de Papier, concluiu dizendo que o pior seria o Demónio das chamas. Todos os Demónios que enfrentaram até agora, agiam através de humanos, mas Kaiser podia libertar todo o seu poder sem necessidade disso, o que era um problema grave e ia contra tudo o que eles sabiam sobre estes seres das trevas. Papier reafirmou o que afirmara na noite passada, ele iria derrotá-los e nada mais interessava, esse era o seu trabalho, declarou enquanto marcava um número no telemóvel.


Le Papier é um detective privado, que colabora com a A.R.M., na investigação de casos complexos.
Ele e Slash são amigos e rivais de infância, treinaram muito tempo juntos sob o cuidado do mestre David Storm, acabando por seguir caminhos opostos que os conduziram a várias batalhas entre si, quase sempre sem vencedor definido.
Recentemente, a Interpol começou a investigar uma série de acontecimentos estranhos ao redor do mundo, que incluíam desaparecimentos, assassinatos e uma espécie de doença que tornava as pessoas infectadas em seres irracionais e violentos, que seguiam apenas os seus instintos e que perdiam toda a sua humanidade.
Le Papier investigou o caso e acabou por recorrer à ajuda do seu experiente Mestre, que surpreendentemente surgiu com uma inacreditável teoria sobre Demónios e uma luta por almas humanas. O jovem pensou que o seu Mestre tivesse perdido definitivamente o juízo, mas eventualmente Storm contou a Papier que Slash também viera procurá-lo para saber mais informações sobre o mesmo assunto, pois assassinatos e violência de origem desconhecida não são bons para a sua Organização; isso convenceu o relutante jovem a seguir as pistas que o seu Mestre lhe deu, pistas essas que após várias semanas o levaram até Ivalice, onde encontrou Slash, e uma “dupla de Demónios”...

Em casa de Alex o momento era de grande tensão.
Estavam reunidos com Alex, Kaiser, Lily, Lucas, Rafa e Mariana e o jovem contou-lhes que Diana fora expulsa de Edenia e exilada na Terra. Notando o espanto e a confusão dos amigos, Alex prosseguiu, contando-lhes a razão de tal castigo.
Diana tinha aberto um Portão para Gaia, tendo invadido o Mundo dos Demónios em seguida. Tal acto despoletou uma ira profunda em Lance Z. Roger, o actual Rei dos Demónios, que parecia estar a fazer desta situação um pretexto para provocar o fim das tréguas entre Anjos e Demónios e causar o reinício da Guerra.
Kaiser estava visivelmente perturbado. Tudo isto acontecera porque ele fora capturado, e porque Alex decidira salvá-lo de todas as formas possíveis, incluindo pedir ajuda a um Anjo. Isto explicava todas as movimentações estranhas de Demónios e o porquê dos seus números estarem a aumentar de forma tão repentina.

Alex, não interessado em lamentos, queria saber como chegar a Edenia, para tentar uma audiência com Seraph, o Líder dos Anjos, que parecia ser minimamente compreensivo. Se fosse possível esclarecer tudo para prevenir os confrontos, ele faria todos os possíveis para isso.
Kaiser não se mostrou solidário. Segundo ele, Seraph sempre quis destruir definitivamente os Demónios, para conseguir manter a sua tão importante e ditatorial Ordem no mundo. Se dependesse dele, os humanos seriam apenas uma espécie de gado, sem qualquer livre-arbítrio, criada com o único objectivo de ter a sua alma extraída no momento em que esta estivesse nas condições perfeitas para ser consumida.
A única coisa que sempre o impediu disso foi a tensão com os Demónios que, querendo eles próprios o máximo de almas possível para si, sempre lutaram para lançar o mundo no maior Caos possível, transformando-o numa anarquia sem limites, em que todos teriam o seu banquete de almas até ao fim dos tempos. Red Roger conseguiu negociar as tréguas e encontrar um frágil equilíbrio, mas agora o seu filho Lance parece querer quebrá-las, algo que, no final de contas, não surpreende Kaiser.

Alex ainda não conseguia acreditar que o objectivo dos Anjos fosse algo tão perverso como Kaiser explicava. Kaiser Lutou na Guerra contra os Anjos, então o seu ódio por eles era enorme por isso não seria a razão mas, provavelmente, o ódio a falar.
Alex garantiu ir a Edenia de qualquer forma, quer fosse sozinho ou não, mas ainda a frase não tinha sido proferida, já tinha ao seu lado Lucas e Rafa prontos para o acompanhar. Kaiser manteve-se em silêncio e Lily retorquiu que se eles queriam tanto ir, ela mesmo iria abrir o Portal, afinal de contas, os jovens terão de “morrer” para entrar no Reino dos Anjos, e ela não se importará nada em proporcionar-lhes tal destino!
Os jovens engoliram em seco. Como assim teriam que morrer? Não tiveram problemas nenhuns em entrar no Reino dos Demónios, não havia razão para ser diferente no caso dos Anjos! Lily deu uma gargalhada e explicou que só a Alma dos humanos pode entrar no Reino dos Anjos e por isso ela vai ter de ser separada do corpo, o que se encaixa numa definição de Morte, e ela não resistiu a fazer a piada apenas para se divertir à custa deles. Os três lançaram um sorriso amarelo, mas nem por isso estavam mais descansados. Teria que ter a alma separada do corpo, o que não parecia agradável, mas Alex estava decidido, e não iria voltar atrás na palavra. Kaiser silenciosamente deixou a sala.

Nesse mesmo final de tarde, Lily, Alex, Lucas e Rafa invadiram uma pequena capela, onde iria ser feito o ritual que abriria o Portal para Edenia. Deitaram-se no chão e Lily congelou os seus corpos, enquanto desenhou umas runas estranhas na testa de cada um deles, escrita com o seu próprio sangue. Os seus corpos brilharam levemente por um instante, voltando ao seu estado inanimado em seguida.
Lily saiu da capela e trancou a porta, perguntando em seguida a Kaiser o porquê de não se despedir deles, quando se deu ao trabalho de os seguir até ali? O Demónio, escondido nas sombras, surgiu por fim e disse que eles tomaram as suas próprias decisões. Por mais que não concorde com elas, não podia impedi-los de seguirem o seu próprio caminho.
Além disso, Kaiser afirmou ter alguns assuntos pendentes para tratar e levantou a cabeça em direcção ao telhado da capela, onde estava Le Papier, de sorriso no rosto, pronto para a desforra da noite anterior.
Lily notou então uma outra presença nas redondezas. Slash apareceu por fim e ficou frente a frente com a Demónio. Papier saltou do telhado e não havia mais nada a acrescentar. A luta ia mesmo acontecer!


Alex abriu os olhos e tudo à sua volta parecia novo. Estava deitado num chão relvado e Lucas e Rafa estavam ao seu lado, ainda inconscientes. Alex recordou-se então que eles haviam “morrido” e estavam agora, esperava ele, em Edenia, e não sabia dizer quanto tempo havia passado desde que chegaram.
A paisagem à sua volta era deslumbrante e de certa forma lembrava muito a Terra. Sob o céu púrpura, o campo relvado estendia-se até ao horizonte, com inúmeros lagos e rios que transmitiam um sentimento de serenidade e harmonia. Ao longe, era possível avistar uma cordilheira montanhosa que parecia rodear todo a planície em que se encontrava, como se de uma muralha natural se tratasse. Pela planície, vagueavam criaturas enormes, que pareciam uma mistura entre seres mitológicos monstruosos e robôs gigantes (os tão tipicamente japoneses Mechas).
Mas o que verdadeiramente dominava a paisagem era algo que era extremamente bonito mas ao mesmo tempo assustador: uma enorme Torre de Marfim surgia do centro da planície, com esculturas de divindades e belíssimos relevos que a decoravam ao longo das suas centenas de metros de altura, exibia toda a sua imponência e Alex soube no momento que a viu que esse era o destino que os esperava.
Os jovens dirigiram-se então na direcção da Torre, quando notaram movimentos rapidíssimos à sua volta. Colocaram-se costa-a-costa para que não fossem atacados de surpresa, quando notaram estar rodeados por um grupo de homens extremamente sérios e fortemente armados. Tinham sido descobertos pelos Anjos.
Alex tentou argumentar com os Anjos silenciosos, enquanto os três jovens eram levados como prisioneiros, dizendo que vinha apenas para ver Seraph, não queria causar qualquer tipo de problemas. Recebeu apenas uma resposta fria do Líder da expedição, dizendo-lhe que já tinha causado problemas que chegassem e que eles não eram de forma alguma bem-vindos naquele local sagrado. Lucas fez sinal com a cabeça para Alex não insistir na conversa.
Ao aproximarem-se da Torre e como eles viajavam pelo céu, foi possível verificar que a planície em que se encontravam era apenas um “Andar”, uma pequena parte de toda a Estrutura deste Mundo. Na verdade, a Torre de Marfim, chamada Elysium, era o verdadeiro local onde os Anjos viviam, e ao longo dos seus muitos quilómetros de altura encontravam-se infinidades de “andares”, independentes uns dos outros, cujo denominador comum era a Torre que os atravessava pelo centro. No andar mais elevado, onde se encontravam neste momento, apelidado de Valhalla, era onde se encontravam as mais poderosas armas dos Anjos, seres com aparência de Mecha que rivalizavam com as Bestas do Mundo dos Demónios, os monstruosos Titãs.

Alex, Lucas e Rafa foram conduzidos até à Sala da Ordem, um enorme espaço elegantemente decorado e extremamente luminoso. Seraph surgiu pouco depois atrás deles, aparentemente surpreendido, mas com um ar feliz por voltar a ver Alex.
O jovem foi directo com o Arcanjo. Alex defendeu que Diana não teve culpa na invasão a Gaia e ela apenas os ajudou porque não os queria ver morrer. Seraph interrompeu-o e declarou sorridente que tem perfeito conhecimento das razões que levaram Diana a ajudá-los, mas afirmou que a jovem agiu consciente das consequências das suas acções, esperasse ou não o enorme impacto que estas teriam. Confessou em seguida que a Guerra era algo que aconteceria mais século menos século; as tréguas nunca foram uma unanimidade, foram apenas o período de paz necessário para que a Humanidade recuperasse e o equilíbrio das Almas fosse restaurado na Terra. De qualquer forma, mesmo depois de tanto tempo de paz, o ódio entre as raças não diminuiu e elas continuam a querer destruir-se mutuamente. Seraph concluiu dizendo que Diana não fora talhada para a Guerra e por isso mesmo decidiu que o melhor seria exilá-la na Terra, onde poderia proteger o máximo de almas possível, pois a grande batalha que se avizinhava poderia partir o planeta em dois.
Alex estava chocado com as declarações de Seraph, e foi Rafa quem imediatamente perguntou ao Arcanjo se ele pretendia mesmo sacrificar a humanidade para eliminar de vez os Demónios. Calmamente, Seraph respondeu que não pensaria sequer duas vezes.

Anteriormente, Red Roger mantinha o equilíbrio com os Demónios tranquilos no seu Mundo, mas depois do seu desaparecimento e com o atrevimento do novo Rei, Lance, não há nada que os possa impedir de alcançarem os seus objectivos. A Guerra vai mesmo avançar e o lado que perder vai ser exterminado. As vidas inocentes perdidas serão apenas danos colaterais que eles tratarão de resolver mais tarde.
Logo depois destas palavras inacreditáveis, agradeceu a visita dos jovens e retirou-se. Os jovens viram então o universo a desintegrar-se à sua volta e no momento seguinte estavam de volta aos seus corpos.


Alex não queria acreditar que Kaiser tinha razão em relação a Seraph. Ele simplesmente não queria saber de mais nada que não fosse destruir os Demónios a qualquer custo.
Ainda perdido nos pensamentos, abre a porta da capela e depara-se com uma violenta luta entre Kaiser e Papier, bem como Lily e Slash. Alex já se tinha esquecido completamente dos dois inimigos, era mais problema que precisava de resolução!
O jovem aproximava-se para tentar acalmar os ânimos, quando um violento tremor de terra os sacudiu inesperadamente. Ao olhar para o céu, o sentimento de terror que o percorreu foi indescritível ao verificar a enorme racha que se formava com um estrondo, como se o céu se estivesse a quebrar.

Continua na 3.ª Parte...

Comentários
6 Comentários

6 Comentários :

  1. Room401 disse... :

    Sempre a surpreender, parece que a história ainda vai dar muitas voltas!

  1. Alexandersson disse... :

    Muito fixe, a história está ótima e os novos designs também! Grande trabalho!

  1. Dih disse... :

    Muito bom, é impressão minha ou tu estás a fazer as histórias com um comprimento exponencialmente maior a cada uma que escreves? Isto é um testamento xD

  1. Leather disse... :

    Parece que esta vai ser mesmo a melhor história até agora. Está excelente!!!

  1. Denim disse... :

    Está fixe mas agora que a guerra vai começar é que vai bombar cero?

  1. Yo pessoal, mais uma vez queria agradecer os vossos sempre fantásticos comentários e dizer-vos que as surpresas só agora começaram. Ainda vai haver muito mais para descobrir por isso fiquem atentos!

    Beijos e/ou abraços

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